Pedro Machado dos Santos, conhecido por Pedro Felipe, residente do Capão da Porteira em Viamão, é mais um importante personagem da história do nosso município, entrevistado pelo Projeto Raízes, Nascido em Santo Antônio da Patrulha em 11 de dezembro de 1919, filho do comerciante patrulhense Felipe Nunes dos Santos e também irmão do saudoso Padre Bernardo, chegou com a família para o Capão da Porteira em 1932, quando ele tinha 13 anos de idade, abrindo um pequeno armazém. O motivo da vinda da família para Viamão foi devido a família de seu pai ser viamonense. Então resolveram abrir este comércio na região do Capão da Porteira, onde não existia nada parecido.
No momento em que chegaram na região, Pedro Felipe lembra que existiam apenas três casas no local, completando quatro quando seu pai construiu a casa e o armazém da família. Segundo ele, a subsistência das famílias que ali residiam dependia delas mesmas. Tudo que precisava-se deveria ser plantado no local. O que não podia ser produzido era trocado pelo que podia. Quem plantava feijão trocava por açúcar, por exemplo.
Pedro Felipe lembra, também, que a luz elétrica não existia. Ele conta que até 1950, ano da chegada da luz elétrica, os moradores do local utilizavam lampiões a querosene ou a gás. Outro problema eram os transportes. Segundo ele, para o transporte de mercadorias eram utilizadas carretas puxadas a boi, que se abasteciam de um caminhão que ia somente até a chamada "Ponta do Aterro"(próximo ao atual pedágio de Viamão). Também na "Ponta do Aterro" era onde passava os ônibus. Então todos que desejassem ir até o centro de Viamão deveria chegar até a "Ponta do Aterro" a cavalo.
Pedro Felipe trabalhou como comerciante e como agricultor durante toda a sua vida. Na roça plantava milho e feijão, além do trigo para fazer a farinha. O milho também era utilizado para a manufatura da farinha, e tinha de ser levado até um moinho localizado em Santo Antônio da Patrulha. Segundo Pedro Felipe, cada saco de trigo dava meio de farinha. No comércio, Pedro Felipe conta que toda a vizinhança comprava no armazém da sua família, além de pessoas de Santo Antônio da Patrulha, que vinham de carreta comprar no armazém.
Ele fala das atafonas que existiam em Viamão, na época. Segundo ele, existiam 120 atafonas na região do Capão da Porteira, em Viamão. E eles eram responsáveis por uma grande produção de farinha de trigo, ao ponto de serem exportadas até o município de Palmares.
Com relação aos costumes, Pedro Felipe lembra que os casamentos na região do Capão da Porteira eram sempre acompanhadas de grandes festas, e que o padre tinha que vir do centro de Viamão para realizar a cerimônia. Ele lembra que os brinquedos das crianças eram, principalmente, caçar passarinhos de estilingue. Pedro Felipe lembra também da escola onde estudou, em Santo Antônio da Patrulha, chamada Escola Acrísio Cardoso. Pedro Felipe diz que nesta época em que estudou, não havia recreio na escola. Os alunos entravam as 8 horas da manhã e saíam ao meio-dia. Também existiam castigos contra os alunos que não realizavam alguma tarefa. O castigo principal era a palmatória. Ele lembra quando o seu pai o levou para a escola disse para a professora: "Ensina esse rapaz a fazer conta!" Era para que ele pudesse ajudar no comércio da família. Então ele diz que, na escola, só aprendeu a fazer contas; o resto aprendeu em casa.
Pedro Felipe diz que os maiores problemas da região, que os moradores reclamavam muito, eram as estradas, a luz e a água. Segundo ele, passavam apenas dois carros por dia na faixa que hoje é a RS 040.
As eleições na época de mocidade de Pedro Felipe, não eram secretas. Então, segundo ele, o eleitor deveria dizer o nome do seu candidato em frente a mesa eleitoral, e os políticos mais famosos eram Nenê Grandino e Dante Messina. Esse último, conta ele, dava cavalos e vacas para quem votasse nele.
Nesta região inóspita do Capão da Porteira da década de 1930, Pedro Felipe lembra das lendas sobre as bruxas e os lobisomens que os moradores contavam. Ele diz que todos tinham muito medo de sair a noite devido a ameaça dos lobisomens que rondavam a região a procura de caça. Ele lembra também, que muitas pessoas tinham medo das bruxas que trançavam as crinas dos cavalos e cantavam.
Outra peculiaridade do Sr. Pedro Felipe é ser irmão do Padre Bernardo, o mais conhecido de Viamão. Ele conta que ele estudou 13 anos para ser padre, e antes de ir para Viamão, passou por Santo Antônio da Patrulha, Osório e Glorinha, até que o prefeito da época, Chaves Barcelos, o trouxe para Viamão. Ele conta que o irmão era muito "arteiro". Quando criança subia nas árvores, gostava de nadar em um açude e era gaiteiro.
Pedro Felipe é uma pessoa religiosa, e é católico. Ele desde pequeno frequentou a igreja católica, localizada na região da Estiva, em Viamão.
Entrevista de Pedro Machado dos Santos a Aquiles Piraine Fraga em 16 de agosto de 2007.
FONTE: Livro "Raízes de Viamão"
ENTREVISTADO POR: Aquiles Piraine Fraga
No momento em que chegaram na região, Pedro Felipe lembra que existiam apenas três casas no local, completando quatro quando seu pai construiu a casa e o armazém da família. Segundo ele, a subsistência das famílias que ali residiam dependia delas mesmas. Tudo que precisava-se deveria ser plantado no local. O que não podia ser produzido era trocado pelo que podia. Quem plantava feijão trocava por açúcar, por exemplo.
Pedro Felipe lembra, também, que a luz elétrica não existia. Ele conta que até 1950, ano da chegada da luz elétrica, os moradores do local utilizavam lampiões a querosene ou a gás. Outro problema eram os transportes. Segundo ele, para o transporte de mercadorias eram utilizadas carretas puxadas a boi, que se abasteciam de um caminhão que ia somente até a chamada "Ponta do Aterro"(próximo ao atual pedágio de Viamão). Também na "Ponta do Aterro" era onde passava os ônibus. Então todos que desejassem ir até o centro de Viamão deveria chegar até a "Ponta do Aterro" a cavalo.
Pedro Felipe trabalhou como comerciante e como agricultor durante toda a sua vida. Na roça plantava milho e feijão, além do trigo para fazer a farinha. O milho também era utilizado para a manufatura da farinha, e tinha de ser levado até um moinho localizado em Santo Antônio da Patrulha. Segundo Pedro Felipe, cada saco de trigo dava meio de farinha. No comércio, Pedro Felipe conta que toda a vizinhança comprava no armazém da sua família, além de pessoas de Santo Antônio da Patrulha, que vinham de carreta comprar no armazém.
Ele fala das atafonas que existiam em Viamão, na época. Segundo ele, existiam 120 atafonas na região do Capão da Porteira, em Viamão. E eles eram responsáveis por uma grande produção de farinha de trigo, ao ponto de serem exportadas até o município de Palmares.
Com relação aos costumes, Pedro Felipe lembra que os casamentos na região do Capão da Porteira eram sempre acompanhadas de grandes festas, e que o padre tinha que vir do centro de Viamão para realizar a cerimônia. Ele lembra que os brinquedos das crianças eram, principalmente, caçar passarinhos de estilingue. Pedro Felipe lembra também da escola onde estudou, em Santo Antônio da Patrulha, chamada Escola Acrísio Cardoso. Pedro Felipe diz que nesta época em que estudou, não havia recreio na escola. Os alunos entravam as 8 horas da manhã e saíam ao meio-dia. Também existiam castigos contra os alunos que não realizavam alguma tarefa. O castigo principal era a palmatória. Ele lembra quando o seu pai o levou para a escola disse para a professora: "Ensina esse rapaz a fazer conta!" Era para que ele pudesse ajudar no comércio da família. Então ele diz que, na escola, só aprendeu a fazer contas; o resto aprendeu em casa.
Pedro Felipe diz que os maiores problemas da região, que os moradores reclamavam muito, eram as estradas, a luz e a água. Segundo ele, passavam apenas dois carros por dia na faixa que hoje é a RS 040.
As eleições na época de mocidade de Pedro Felipe, não eram secretas. Então, segundo ele, o eleitor deveria dizer o nome do seu candidato em frente a mesa eleitoral, e os políticos mais famosos eram Nenê Grandino e Dante Messina. Esse último, conta ele, dava cavalos e vacas para quem votasse nele.
Nesta região inóspita do Capão da Porteira da década de 1930, Pedro Felipe lembra das lendas sobre as bruxas e os lobisomens que os moradores contavam. Ele diz que todos tinham muito medo de sair a noite devido a ameaça dos lobisomens que rondavam a região a procura de caça. Ele lembra também, que muitas pessoas tinham medo das bruxas que trançavam as crinas dos cavalos e cantavam.
Outra peculiaridade do Sr. Pedro Felipe é ser irmão do Padre Bernardo, o mais conhecido de Viamão. Ele conta que ele estudou 13 anos para ser padre, e antes de ir para Viamão, passou por Santo Antônio da Patrulha, Osório e Glorinha, até que o prefeito da época, Chaves Barcelos, o trouxe para Viamão. Ele conta que o irmão era muito "arteiro". Quando criança subia nas árvores, gostava de nadar em um açude e era gaiteiro.
Pedro Felipe é uma pessoa religiosa, e é católico. Ele desde pequeno frequentou a igreja católica, localizada na região da Estiva, em Viamão.
Entrevista de Pedro Machado dos Santos a Aquiles Piraine Fraga em 16 de agosto de 2007.
FONTE: Livro "Raízes de Viamão"
ENTREVISTADO POR: Aquiles Piraine Fraga
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